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Aos Leitores no Vestibular #2: Vidas secas, de Graciliano Ramos

19:57 A leitora 3 Comentários Categoria : , ,


Vidas Secas
O drama da família de retirantes, obrigada a se mudar constantemente por causa da seca, é narrado num estilo com economia de adjetivos, que transmite a aridez do ambiente e suas conseqüências para os sertanejos. 


      Vidas Secas, romance publicado em 1938, retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca. A obra pertence à segunda fase modernista, conhecida como regionalista, e é qualificada como uma das mais bem-sucedidas criações da época. 
      Graciliano Ramos, que se expressa principalmente por meio do uso econômico dos adjetivos, parece transmitir a aridez do ambiente e seus efeitos sobre as pessoas que ali estão. 

A ESTÉTICA DA SECA 

O livro consegue desde o título mostrar a desumanização que a seca promove nos personagens, cuja expressão verbal é tão estéril quanto o solo castigado da região. A miséria causada pela seca, como elemento natural, soma-se à miséria imposta pela influência social, representada pela exploração dos ricos proprietários da região.

Os retirantes, como o próprio nome indica, estão alijados da possibilidade de continuar a viver no espaço que ocupavam. São, portanto, obrigados a retirar-se para outros lugares. Uma das implicações dessa vida nômade dos sertanejos é a fragmentação temporal e espacial.


Graciliano Ramos conseguiu captar essa fragmentação na estrutura de Vidas Secas ao utilizar um método de composição que rompia com a linearidade temporal, costumeira nos romances do século XIX.

A proposital falta de linearidade, ou seja, de capítulos que se ligam, temporalmente, por relações de causa e de consequência, dá aos 13 capítulos de Vidas Secas uma autonomia que permite, até mesmo, a leitura de cada um de forma independente. 


ENREDO
 O enredo, marcado por essa falta de linearidade temporal, tem dois capítulos bem definidos: o primeiro (“Mudança”) e o último (“Fuga”). “Mudança” narra as agruras da família sertaneja na caminhada impiedosa pela aridez da caatinga, enquanto em “Fuga” os retirantes partem da fazenda para uma nova busca por condições mais favoráveis de vida. O romance estrutura-se por meio da sequência retirada/permanência em terras alheias/retirada.

Nos 11 capítulos intermediários, a família de retirantes não se estabelece em um local próprio, mas na propriedade de um fazendeiro, onde Fabiano, o chefe dessa família, assume a condição de meeiro, lavrador que planta em sociedade com o dono do terreno, tendo direito à metade da colheita.

Merece destaque, no romance, o capítulo “Baleia”. Foi o primeiro escrito por Graciliano Ramos e o que mais tem autonomia em relação aos demais. Se em todos os outros capítulos há certa independência, e eles podem ser lidos fora da sequência proposta pelo autor, nesse caso a leitura pode até ser feita isoladamente. Essa possibilidade se deve a sua estrutura, que se assemelha mais à de um conto. 

NARRADOR 
A escolha do foco narrativo em terceira pessoa é emblemática, uma vez que esse é o único livro em que Graciliano Ramos utilizou tal recurso. Trata-se, na verdade, de uma necessidade da narrativa, para que fosse mantida a verossimilhança da obra. Por causa da paupérrima articulação verbal dos personagens, reflexo das adversidades naturais e sociais que os afligem, nenhum parece capacitado a assumir o posto de narrador.

O autor utilizou também o discurso indireto livre, forma híbrida em que as falas dos personagens se mesclam ao discurso do narrador em terceira pessoa. Essa foi a solução para que a voz dos marginalizados pudesse participar da narração sem que tivessem de arcar com a responsabilidade de conduzir de forma integral a narrativa. 


ESPAÇO 
A narrativa é ambientada no sertão, região marcada pelas chuvas escassas e irregulares. Essa falta de chuva – somada a uma política de descaso do governo com os investimentos sociais – transforma a paisagem em ambiente inóspito e hostil.

Inverno, na região, é o nome dado à época de chuvas, em que a esperança sertaneja floresce. O sonho de uma existência menos árida e miserável esboça-se no horizonte e dura até as chuvas cessarem e a seca retornar implacável. No romance, essa esperança aparece no capítulo “Inverno”, em que Fabiano alimenta a expectativa de uma vida melhor, mais digna.

O retorno à visão marcada pela falta de perspectivas recomeça com o fim das chuvas, com o fim da esperança. Na obra, pode-se apontar, também, para dois recortes espaciais: o ambiente rural e o urbano. A relevância desse recorte se deve às sensações de adequação ou inadequação dos personagens em um ou outro espaço.

Fabiano consegue, apesar da miséria presente, dominar o ambiente rural. Incapaz de se comunicar, o personagem, desempenhando a solitária função de vaqueiro, não sente tanto as conseqüências de seu laconismo. Além disso, conhece as técnicas de sua profissão, o que lhe dá uma sensação de utilidade e permite que goze até de certa dignidade. A passagem em que seu filho o admira ao vê-lo trabalhando deixa claro isso. Na cidade, porém, Fabiano vivencia, a cada nova experiência, o sentimento de inadequação. Os capítulos “Festa” e “Cadeia” ilustram bem essa sensação. 


TEMPO 


Além da falta de linearidade do tempo, em Vidas Secas há nítida valorização do tempo psicológico, em detrimento do cronológico. Essa opção do narrador de ocultar os marcadores temporais tem como principal conseqüência o distanciamento dos personagens da ordenação civilizada do tempo.

Dessa forma, nota-se que a ausência de uma marcação cronológica temporal serve, enquanto elemento estrutural, como mais uma forma de evidenciar a exclusão dos personagens. Por outro lado, a valorização do tempo psicológico na narrativa faz com que as angústias dos personagens fiquem mais próximas do leitor, que as percebe com muito mais intensidade.


 CONCLUSÃO 
Vidas Secas é um dos maiores expoentes da segunda fase modernista, a do regionalismo. O diferencial desse livro para os demais da época é o apuro técnico do autor. Graciliano Ramos, ao explorar a temática regionalista, utiliza vários expedientes formais – discurso indireto livre, narrativa não-linear, nomes dos personagens – que confirmam literariamente a denúncia das mazelas sociais.



Graciliano Ramos: prefeito, jornalista e escritor

       Nasceu em Quebrângulo (AL), em 27 de outubro de 1892. Fez os estudos secundários em Maceió, onde começou a publicar na imprensa poemas e outros textos. Em 1910, sua família se estabeleceu em Palmeira dos Índios (AL). Foi para o Rio de Janeiro em 1914 e começou a trabalhar como revisor em jornais. No ano seguinte, em virtude da morte de três irmãos, vitimados pela peste bubônica, retornou a Palmeira dos Índios. Foi prefeito da cidade de 1928 a 1930, e um de seus relatórios de prestação de contas chamou atenção pela qualidade literária. Em 1933, já morando em Maceió, publicou o primeiro romance, CaetésSão Bernardo surgiu em 1934 e Angústia, em 1936, ano em que foi preso pelo regime de Getúlio Vargas, sob a acusação de subversão. Após ser libertado, fixou-se no Rio, atuando como jornalista e inspetor de ensino. Lançou Vidas Secas em 1938. Morreu de câncer, no Rio de Janeiro, em 20 de março de 1953. O livro Memórias do Cárcere, relato de sua prisão, foi lançado postumamente. 


Estude as obras literárias da Fuvest – Vidas Secas


Romance publicado em 1938, retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos que viajam para fugir da seca. A família é composta por Fabiano, sua esposa Vitória e seus filhos (cujos nomes não aparecem e são chamados de “Menino mais Velho” e “Menino mais Novo”). Também tem a cachorra Baleia, considerada parte da família.

O livro é considerado o melhor exemplo na “segunda fase modernista” da literatura brasileira, considerada “regionalista” por tratar de maneira realista e crítica determinada terra e gente, tentando entender seus costumes e situação atual.


Capa da primeira edição de Vidas Secas

Veja dicas de um filme, um livro e um site para você se divertir e aprender um pouco mais sobre o livro:
Filme
O filme Vidas Secas, do cineasta Nelson Pereira dos Santos, estreou no Rio de Janeiro há exatos 48 anos atrás, em 1963. Tão “seco” e objetivo quanto o livro, o filme narra com poucas falas e em preto & branco a vida de Fabiano e sua família.
Sucesso no Brasil e no exterior, o filme ganhou o prêmio do Festival de Cannes (França) de 1964, foi indicado à Palma de Ouro e foi considerado pelo British Film Institute uma das 360 obras cinematográficas fundamentais da história para se ter em uma cinemateca.
Edição comemorativa
Uma edição do livro lançada em 2008 pela editora Record, quando a obra completou 70 anos, faz o leitor mergulhar no universo de Fabiano e sua família e visualizar com clareza extra a luta pela sobrevivência.
Isso porque a edição, além de ter o texto original, traz centenas de fotografias de Evandro Teixeira, fotógrafo baiano famoso por seu trabalho com fotojornalismo.
Evandro percorreu o sertão nordestino e fotografou a realidade retratada por Graciliano Ramos décadas atrás: a paisagem árida e hostil, a seca, a fome, a morte, a vida de resistência dos sertanejos.

Site
O site oficial de Graciliano Ramos traz muitas informações extras sobre a vida do autor e ajuda a entender melhor o contexto em que escreveu seus livros e como suas próprias experiências influenciaram sua literatura. Fotos atuais mostram sua cidade, Quebrangulo (Alagoas), e o museu que construíram em sua homenagem.
Na parte “Obra”, dá para descobrir mais detalhes de Vidas Secas e algumas curiosidades. Exemplos: o livro está em sua 112ª edição no Brasil! Ele também recebeu, em 1962, o Prêmio da Fundação William Faulkner (EUA) como livro representativo da Literatura Brasileira Contemporânea.
Acesse a Fonte: Guia do Estudante

Calvin & Haroldo - Tirinha #283 e #284 !

16:21 A leitora 2 Comentários Categoria : ,


      Hey Leitores! Prontos para mais uma tirinha? E Para duas tirinhas? Isso mesmo, hoje tem Calvin em dobro!Mas antes de ler pense: o que você faria se tivesse o poder da invisibilidade? 


      Já pensou? Então confira mais uma aventura dessa criança tão adorável... e não esqueça de deixar um cometário  ^.~














Obs.: Todos reparam que tem uma palavra escrita de modo errado? o.O


Leia essas e muitas outras tirinhas direto na Fonte: Depósito do Calvin

Aos Leitores no Vestibular #1: Auto da Barca do inferno, de Gil Vicente

15:37 A leitora 0 Comentários Categoria : , ,





      Mais um post Aos Leitores Vestibulandos ! Como prometido aqui, vou reunir as informações que encontrar sobre os livros que estão na lista da Fuvest e da Unicamp. 
       Para começar trago mais um post do Guia do Estudante ( repito que vale a pena conferir, o blog da revista é óootimo!) Postarei da forma que encontrar na fonte, colando os devidos créditos no final da postagem, atualizando como puder. Aproveite, acesse o original e descubra muito mais! 


Auto da Barca do Inferno

Gil Vicente, considerado o criador do teatro português e um dos maiores gênios da dramaturgia mundial, apresenta nessa peça um painel crítico da sociedade de sua época.

Na peça Auto da Barca do Inferno, Gil Vicente coloca vários personagens numa situação-limite. Todos estão mortos e chegam a um porto onde há duas embarcações: uma é chefiada pelo Anjo, que conduz ao paraíso. A outra, pelo Diabo e seu Companheiro, vai para o inferno. Os personagens se apresentam diante do espectador como em um desfile, ao fim do qual cada um terá de enfrentar seu destino. 

Esses personagens não representam indivíduos definidos, mas, sim, tipos sociais. Ou seja, não têm características psicológicas particulares. Servem como espécies de modelo, para exemplificar qual era, segundo Gil Vicente, o comportamento de determinados setores da sociedade da época. Por isso, podem ser denominados personagens alegóricos. 
As alegorias são imagens que servem de símbolo a interpretações, como representações de uma situação ou de um setor social. Nessa peça, por exemplo, um fidalgo com um pajem e uma cadeira são uma alegoria para toda a nobreza ociosa de Portugal. 

O autor se inspirou bastante no teatro alegórico medieval, puramente cenográfico, e também nos momos – manifestações populares em que figuras fantasiadas representavam os vícios e as virtudes. Os autos eram representações comuns na Idade Média, em geral de conteúdo satírico ou alegórico. Publicado em 1517, o Auto da Barca do Inferno é, de acordo com o autor, um “auto de moralidade”. 

ENREDO 
O Fidalgo é o primeiro a aproximar-se dos barcos, acompanhado de um pajem e de uma cadeira, símbolo de sua pretensa nobreza. O Fidalgo dirige-se primeiramente à Barca do Inferno, ainda sem reconhecer seu capitão. Quando enfim o Diabo se apresenta, o Fidalgo recusa-se a entrar no batel (barco) infernal, alegando que se salvaria por deixar na outra vida quem rezasse por ele. O Diabo responde-lhe com ironia:


“Quem reze sempre por ti?... 
Hi-hi-hi-hi-hi-hi-hi!… E tu viveste a teu prazer, cuidando cá guarecer (encontrar abrigo, salvação) porque rezam lá por ti? Embarca!, ou embarcai!, que haveis de ir à derradeira, (final) mandai meter a cadeira que assim passou vosso pai”.

Nesse trecho, é possível perceber a fineza da ironia do Diabo – personagem pelo qual fala muitas vezes a voz do autor. Observe, por exemplo, como o Diabo muda o pronome de tratamento de “tu” para “vós” no verso: “Embarca!, ou Embarcai!”, colocando em dúvida a nobreza de seu interlocutor. No último verso do trecho, o Diabo ofende a linhagem do Fidalgo, dizendo que o pai do personagem também teria tido como destino a danação. O Fidalgo encaminha-se então para a barca do paraíso, na qual é duramente reprimido pelo arrais do céu, o Anjo, que o acusa de “tirania” e o manda de volta à barca infernal, para a qual ele se encaminha resignadamente.
O Onzeneiro (agiota) carrega uma bolsa, símbolo de sua ganância. Assim como o Fidalgo e os demais personagens, ele acredita erroneamente em sua salvação. Após travar diálogo com o Diabo, encaminha-se para o batel celeste, do qual é repelido e obrigado a retomar seu destino, ou seja, o inferno.
Esse triplo movimento (Barca do Inferno, Barca do Céu, Barca do Inferno) é seguido pela maioria dos personagens. Por isso, a peça apresenta uma estrutura esquemática, que se disfarça pela inclusão da figura do Parvo, personagem que representa o povo e é colocado assimetricamente entre os condenados.
O Parvo, por ser tolo e inocente, não é condenado, embora utilize uma linguagem chula e muitas vezes ofensiva. Dirige-se ao Diabo da seguinte
forma:

“Furta-cebolas! Hiu! Hiu! 
Excomungado das igrejas! Burrela, cornudo sejas! (diminutivo de burra, zombaria, esparrela) Toma o pão que te caiu, A mulher que te fugiu Pera a Ilha da Madeira! Ratinho da Giesteira, (trabalhador do campo) O demo que te pariu!” 

Ao Parvo segue-se o Sapateiro, que leva consigo as ferramentas, símbolos de seu ofício e de sua maneira de ganhar dinheiro com a necessidade alheia. Ele espera salvar-se por ter confessado seus pecados e comungado antes de morrer. O Diabo, porém, o condena por sua hipocrisia, que o levava a roubar seus clientes logo depois de assistir às missas. 
O Frade carrega armas de combate – um capacete e uma espada – e uma amante, Florença. Um dos personagens mais ridicularizados do auto, ele baila o tordião (dança cortesã) e dá aulas de esgrima diante do Diabo. O Frade acredita que, graças à sua condição de sacerdote, encontrará salvação. 
Após ser ironizado pelo Diabo e pelo Parvo, o padre segue o caminho dos demais danados. 
Brísida Vaz é uma alcoviteira (dona de prostíbulo) e carrega vários apetrechos: hímens postiços, peças de encantar os homens, artigos de feitiçaria – o que indica que Gil Vicente condenava crendices e superstições populares. Seu destino é a perdição. Ela ainda argumenta, em vão, que salvou mais meninas do que Santa Úrsula. Utilizando linguagem vulgar, chama o Anjo de “barqueiro, mano, meus olhos”. 
O Judeu aparece acompanhado de um bode e, por não seguir a fé cristã, 
não compreende tudo o que está ocorrendo. Inicialmente, nenhum dos barqueiros deseja levá-lo. O Diabo, por fim, consente em carregá-lo, mas a reboque. Em Portugal, naquela época, estava disseminado um forte anti-semitismo (preconceito contra os judeus), A cena escrita por Gil Vicente expressa essa situação. Cabe aos leitores atuais entendê-la no contexto do período em que foi criada.


TEMPO E ESPAÇO
Os dois personagens que se seguem – o Corregedor e o Procurador – chegam carregados de livros e de processos. São corruptos e falam numa linguagem empolada, cheia de citações em latim, nas quais quase sempre incorrem em erros. Achincalhados pelo Parvo, são logo mandados para a Barca do Inferno, cada vez mais cheia. 
O Enforcado também é um condenado, embora esperasse encontrar salvação porque lhe disseram que iria para o céu se abdicasse da vida. Logo percebe que havia sido enganado e acaba aceitando entrar na barca satânica. 
O auto se encerra com quatro cavaleiros trazendo uma cruz, o que indica que morreram nas cruzadas, defendendo a fé cristã. Após uma curta resposta ao Diabo (“Quem morre por Jesus Cristo não vai em tal barca como essa!”), encaminham- se à barca celeste. 
Na obra, o tempo e o espaço não são definidos. Encontram-se em uma dimensão mítica, às margens do rio da morte, o rio Letes, já que se trata de uma obra alegórica.


Auto da Barca do Inferno - Conheça os personagens da peça de Gil Vicente


ANJO  arrais, ou seja, navegante da barca celeste. 


DIABO E SEU COMPANHEIRO – conduzem a barca infernal. 

FIDALGO
 – representa todos os nobres ociosos de Portugal. 


ONZENEI RO
 – simboliza o pecado da usura e a classe dos agiotas. 


PARVO
 – representa o povo português, rude e ignorante, porém bom de coração e temente a Deus. 


FRADE
 – representa os maus sacerdotes. 


BRÍSIDA VAZ
 – alcoviteira (cafetina), simboliza a degradação moral e a feitiçaria popular. 


JUDEU
 – representa os infiéis, que são alheios à fé cristã. 


CORREGEDOR E PROCURADOR
 – encarnam a burocracia jurídica da época. 


ENFORCADO
 – é o símbolo da falta de fé e da perdição. 


QUATRO CAVALEIROS
 – representam as cruzadas contra os mouros e a força da fé católica.






























Estude as obras literárias da Fuvest – Auto da Barca do Inferno

A ideia é falar um pouco do livro e, claro, dar as dicas de como aprender mais sobre elas de uma maneira divertida! E não se esqueçam: mesmo com as dicas, é essencial ler o livro na íntegra. Resumos e análises só para aquela revisão final antes das provas.
Para quem não sabe, são elas: Auto da barca do inferno, de Gil Vicente; Memórias de um sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida; Iracema, de José de Alencar; Dom Casmurro, de Machado de Assis; O Cortiço, de Aluísio Azevedo; A cidade e as serras, de Eça de Queirós; Vidas secas, de Graciliano Ramos; Capitães da areia, de Jorge Amado; e Antologia poética, de Vinícius de Moraes.
Ah, vale lembrar que as obras da Fuvest 2012 são as mesmas cobradas pela Unicamp!
Começamos com “Auto da barca do inferno”, do português Gil Vicente.
Na clássica peça de 1517, considerada marco inaugural do estilo em Portugal, viajantes que acabaram de morrer chegam desorientados e precisam subir em uma das duas barcas que o esperam. Uma vai para o céu. A outra, para o inferno.

Ilustração da edição original do livro
Enquanto o diabo é um anfitrião solícito que quer todos em sua barca, o anjo é difícil de ser convencido. Os diversos personagens que dialogam com os dois barqueiros representam a sociedade medieval da época e são igualmente julgados, não importando as classes sociais: padre, prostituta, cavaleiro, juiz: todos têm a vida passada a limpo.


Veja dicas de uma história em quadrinhos e um programa de televisão para você se divertir e aprender um pouco mais sobre o livro:
Quadrinhos
A Editora Peirópolis lançou agora a versão em quadrinhos do clássico, com ilustrações de Laudo Ferreira e cores de Omar Viñole. O texto preserva rimas, métricas e o português arcaico da peça.
Como o texto original, de fato, é um tanto complicado e que requer muita atenção (e notas de rodapé explicando o significado de diversas palavras), os quadrinhos ajudam a entender melhor a história e deixá-la mais divertido.
Televisão
Na TV Cultura foi produzida uma série chamada “Tudo o que é sólido pode derreter”, que conta a história de Thereza e seus amigos em um colégio de São Paulo.
Em cada episódio ela estuda grandes obras da literatura de língua portuguesa e sua vida sempre acaba se envolvendo com as histórias e os personagens.
No primeiro episódio, o livro abordado é “Auto da barca do inferno”. É o primeiro dia de aula e Thereza está meio tímida na sala, há muita gente que não conhece. Prestando atenção nas pessoas a sua volta, ela começa a imaginar qual seria o destino de cada um se também fossem personagens do livro de Gil Vicente.


Obra de Gil Vicente expõe elementos da transição entre Idade Média e Renascimento

Religiosidade e antropocentrismo se encontram em Auto da Barca do Inferno que mostra destino de cada tipo de pecador




Esteticamente, o Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, é uma peça teatral do humanismo português. “Isso significa que é uma obra do período de transição entre a cultura medieval e a renascentista”, esclarece Fernando Marcílio Lopes Couto, professor de literatura do Sistema Anglo de Ensino. Por isso, os vestibulandos devem saber diferenciar os elementos do livro característicos daIdade Média e os do Renascimento, destaca Couto.

As referências religiosas, as imagens de Deus e do diabo, por exemplo, são medievais. Já o antropocentrismo e o interesse de Gil Vicente em abordar questões da sociedade humana, construindo os tipos, são do Renascimento, exemplifica o professor.

A estrutura do texto, em versos, era muito comum na Idade Média, e está presente em toda a obra de Gil Vicente, lembra Fernando Couto. “A peça progride com estrutura repetitiva: uma personagem chega ao local onde estão duas barcas, uma que vai para o céu e outra para o inferno. E entra em uma das barcas. Depois, chega outra personagem e faz o mesmo. E assim por diante”, acrescenta Couto.

Sobre as personagens, o professor alerta que é “interessante saber quem é punido e quem é glorificado, porque cada personagem é uma alegoria pra um pecado”. Ele explica que todas as almas têm diversos pecados, mas são punidas de acordo com um único pecado mais simbólico (como a vaidade ou a soberba). Essa exaltação de um só aspecto caracteriza a construção dos tipos, marcantes no Auto da Barca do Inferno.





Acesse a fonte: Guia do Estudante